quinta-feira, 5 de abril de 2007

Fome de Morte

O cruel assassino está à solta,
Novamente voltou às ruas, seu único e verdadeiro lar...
Traz consigo dores e lágrimas ardentes
Daqueles que ainda hoje choram
Suas frágeis mulheres perdidas.
A fome aumentou, devido à sua forçada reclusão.
O homem, que carrega o semblante de gentil cavalheiro,
Mal pode conter a monstruosidade de sua alma,
E, qual mendigo faminto,
Sai à caça de sua nova vítima:
Lá está ela, presa perfeita,
Perdida no calabouço de sua loucura,
Vaga pelas noites frias sem se importar
Com as feras e com as ruas sombrias,
Tão absorta está em seus pesadelos particulares.
Como lobo, ele agarra-a pelos cabelos,
E arrasta-a para o fim da viela
Onde nem mesmo os vermes abjetos
Ousam sozinhos se aproximarem.
Com grande deleite ele a contempla
Comparando a palidez de sua pele
Com o claro e luminoso luar,
E assim começa a dança macabra
Do ritual para ele sagrado, da mutilação:
Corta os seios; extrai os mamilos;
Sem importar-se com os gritos e gemidos,
Abre-lhe o ventre e retira o útero enrubescido,
E como um doce cacho de rubras uvas,
Põe-se a degustar o sangue com êxtase sexual...
Após deliciar-se com o suco daquele fruto aquecido,
O banquete propriamente dito
Enche seus lábios de amarga saliva,
E da certeza de que somente estará saciado
Quando provar-lhe a tenra carne, pedaço a pedaço.
É o que ele faz: Come as ancas,
Tira-lhe um naco do braço,
O rosáceo joelho torna-se iguaria em seus lábios,
Os olhos, a boca, e o sexo ainda amolecido,
São saboreados como nunca dantes tenha-se sabido...
Após horas de puro deleite,
O homem separa pequenos pedaços da carne tão adorada,
Para em casa lembrar-se da doce e suculenta criatura;
E, farto pelo êxtase proporcionado,
Por tal carnificina, ele se vai,
Sujo de sangue, e totalmente purificado,
Até que novamente recaia sobre si
A fome de morte que lhe é insaciável.

FST