segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Prazeres Pervertidos

Com pesar vago pelo silencioso cemitério,
A boca num esgar, e a terrível fome consumindo meus sôfregos sentidos,
Quando, num gesto completamente desesperado e aflito,
Profano a pequena sepultura em busca de alimento...
Com macabra e funesta alegria retiro o pequeno cadáver
De seu leito de sono eterno...
Sinto o acre cheiro que inunda o ambiente
Tornando ainda mais mórbido o prazer do deleite inominável...
Com o falo endurecido tal e qual a mais dura das pedras,
Penetro o pequeno orifício e acaricio a carne apodrecida...
Enormes ondas de prazer percorrem meu corpo num êxtase ensandecido,
E, como fera indomada aumento o ritmo das estocadas...
Com violento tremor, o gozo jorra em fortes ondas, e junto com ele
O viscoso, quente e amargo produto da minha náusea incontrolável,
Deixando assim, meu pequeno corpo amante despedaçado,
Ainda mais apetitoso para o lúgubre ato final:
Cada pedaço ínfimo de carne ali, marcada,
Pelo meu jorro e pelas minhas golfadas,
São saboreados como iguaria nunca dantes encontrada,
Saciando, assim, a doentia e pungente fome abominável,
Que transforma meu corpo, minha mente e meus sentidos enlouquecidos,
Em uma máquina irrefreável de prazeres pervertidos...

FST - 29/10/07 - 11:00h

terça-feira, 3 de julho de 2007

Batismo Sexual

Sim, venha até mim amado Jesus,
Minhas pernas estão abertas e a carne trêmula,
Enterre em minha cavidade louca e umedecida,
A dura haste que me mostras estendida;
Estupra-me sem cessar com tua pesada cruz,
Saciando assim meu desejo de prazer inesgotável;
Sou fera no cio, sempre pulsante e insaciável,
Querendo-te ardentemente em minhas preces blasfêmicas...
Sou Madalena, a santa pecadora,
Que aos teus pés suplica pelo sexo incandescente,
Com fortes chicotadas, mordidas e correntes...
Impiedoso, tu amarras minhas mãos frias,
E vendada sinto somente o prazer me percorrendo em fortes ondas,
Tendo os gritos luxuriantes abafados pela amarga mordaça...
Me toma, me subjuga, me domina e me despedaça,
Nesta profana dança de pecados e de êxtase total...
E depois de saciado, encha meu altar sagrado,
Com o jato quente e viscoso do batismo sexual.

FST - 02/07/07 - 19:40h

terça-feira, 29 de maio de 2007

Oh! Insano coração amargurado,
Que tanto prometeste a ti mesmo não mais gostar,
E hoje se vê cego e apaixonado,
Sofrendo novamente pela angústia do querer amar?

Tu, que já chorastes tantas vezes calado,
No vazio do meu peito arfante escondido,
Agora sinto-o pular alegre e descompassado,
Procurando nos teus espessos olhos castanhos abrigo...

Misteriosa é a tentação que tu carregas,
Rubros são teus lábios por minha boca tão desejados,
Somente em sonho tu me fita demoradamente sob a luz de bruxuleantes velas,
E me ama com fervor e com deleite exacerbado...

Ainda ouço o eco das palavras que tu não dizes,
Ressoando em meus ouvidos sempre atentos,
Meu corpo clama o teu em suave desalento,
E minha língua sente o gosto do teu nome, oh, meu querido...

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Sexo Subjugado

O ríspido ruído do grosso chicote,
Cortando minha carne amortecida,
Causa-me prazer sem medida,
Ao sentir correrem em suaves borbotões os vários cortes.

Grito injúrias de louco desejo atiçado,
Pelo meu corpo pulsante duramente castigado,
Através de hábeis mãos duras e bem talhadas,
Que abrem sem pudor minha fenda despedaçada.

Ah! Que alegria sinto ao ser içada,
Sentindo o peso do meu desejo estreitar ainda mais,
As bandagens que envolvem-me apertadas,
E a mordaça de grosso pano que sem piedade cala meus gemidos e meus ais.

O gozo chega em grandes ondas latejantes,
Misturando o leitoso jorro com o sangue gotejante,
Que cai do meu ânus por fria adaga penetrado,
Fazendo-me desmaiar pelo insano sexo subjugado.

FST

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Teatro Macabro

Lentamente sobem as empoeiradas cortinas
Do decadente teatro pontualmente à meia noite, conforme anunciado,
Naquela escura sexta-feira sem estrelas
(a Lua Nova vigiava tudo, como negra sentinela):
Tem início então, a audaciosa peça tão aguardada,
Os atores belos e empoados declamam cálidos versos desconexos,
Entorpecendo os presentes pelo absurdo doentio de seu palavreado:
- Clamam à morte, sua mais fiel escudeira,
Por uma ínfima luz no breu de seus pensamentos sanguinolentos...
De repente, apagam-se todas as parcas velas bruxuleantes,
E diante de uma estarrecida platéia,
Desce pelo corredor central em contínuos murmúrios,
Uma fila de homens nuns encapuzados,
Carregando nos braços a alva figura adoecida,
De uma malformada criança que em prantos implorava piedade,
Juntamente com a procissão vagarosa,
Os portões de saída são fechados sem ninguém perceber,
Novamente no palco, os candelabros são aos poucos acesos e, surpresa!
Uma orgia monumental é presenciada em grave silêncio:
A pobre vítima é repetidamente estuprada,
Em todos os seus orifícios, outrora intocados...
O sangue escorre e mancha a trêmula carne,
Misturado ao almiscarado sêmen pelos homens expelido,
E, no final da macabra peça encenada,
Cada qual toma uma pequena adaga nas mãos,
E retalham o molestado corpo para servir de alimento num banquete canibalesco,
Aterrorizados, os presentes tentam em vão sair do recinto,
E quão amarga é a trágica descoberta:
Todos eles também servirão como guarnição e prato principal,
Na terrível festa em que até os animais são trazidos para com todos copular...
Assim, metodicamente cavalheiros e damas,
São prostrados no sujo assoalho e duramente violentados,
Até o último integrante da maléfica trupe ficar totalmente saciado,
Para que o “gran finale” finalmente aconteça:
Cabeças decepadas, vísceras esparramadas pelo chão,
São suaves e delirantes recordações deixadas,
Pelos misteriosos atores da peça assim intitulada:
“A Tragicomédia Canibal do Teatro Macabro

FST

Sem título

Vadia!
É assim que gostas de ser tratada
Infame prostituta
Que noite após noite perambula solitária
Vendendo este corpo doente
E este gozo sem amor...
Abjeta filha das sarjetas
Tão cedo perdestes a inocência
Nas frias ruas da imensa cidade
Que abriga sem amparar...
Agora, tu não passas de carne sem alma,
De vida sem esperança,
De semanas insones, sem descanso...
Teus dias resumem-se no completo amortecimento,
Aguardando as infindáveis noites de tormento:
- Luiz, Pedro, José, Antônio, Carlos, João!
Quantos já possuíram e destruíram
Este decadente templo de ignóbil prazer?
Vadia!
É apenas isto que realmente tu és,
Mas, mesmo não passando de farrapo humano,
Por que dedico a ti tanto e tão verdadeiro amor?
Por que consigo enxergar ternura
Nos débeis olhos que friamente me fitam
Mas nada enxergam?
Por que me entreguei assim a este sentimento sem futuro?
Procuro-te noite após noite em qualquer fétido lugar
Onde sinto teu cheiro de luxúria...
Sigo teu rastro como um viciado procura a droga que tanto o acalma;
E, como todo verdadeiro viciado,
Rompo a aurora enlaçado em teus braços,
Que tantos já abraçaram antes de mim,
E tantos ainda irão abraçar...
Saciando, quem sabe, algum secreto desejo teu,
Falando, gemendo, gritando
A indecente e deliciosa injúria
Que tu sempre me pede para chamar-te
Na hora do êxtase total:
- Vadia!

FST

sexta-feira, 13 de abril de 2007

À Minha Amada Tuberculosa

Qual animal sorrateiro, adentro os portões da capela,
Para ajoelhar-me mais uma vez diante dela:
A mais casta, a mais pura e a mais bela;
“- És tu, minha amada donzela” – choro eu, enamorado -
Que tão cedo foi levada pela mais cruel de todas as enfermidades:
“Tuberculose!”, penso eu, e calo meu coração amargurado...
Lembro-me como se fosse hoje
Quando descobristes a fatal moléstia:
Andavas tu, no teu mais belo cavalo,
E eu te guiava a pé (pobre lacaio)
Quando uma forte tosse acometeu-te,
E em teu alvo lenço, que susto imenso!
Gotas escarlates de sangue adoecido,
Misturado com a espessa mucosa por ti expelida...
Assustada, tu pediste meu silêncio, e mesmo sem saber,
Deu-me de presente uma pequena recordação
Que ainda hoje carrego junto ao meu peito:
O fino pedaço de pano que continha o teu mistério...
Como eu o beijei, e ainda o pego,
Com mãos delicadas e boca desesperada,
Pelos fartos beijos apaixonados que não beijei (somente em sonho)...
A cada dia senti em tua face
A marca dura da doença que aos poucos te consumia,
E velava teu sono, tão breve pela noite, e tão farto no claro dia,
Sem ao menos poder tocá-la, e a excitação me subia,
Ao simples vislumbrar do teu frágil peito arfante,
Que subia e descia em ritmo ofegante,
Quando as crises te acometiam, e tu ficavas delirante...
Quantas vezes eu bebi o teu catarro sanguinolento,
Quando, para impedir os ouvidos mais atentos,
De escutar-te a tosse repetida em tormento,
Calei tua boca com a minha, silenciando também os teus lamentos...
Quando finalmente o véu negro da morte
Cobriu teu rosto e transformou-te em esposa para toda a eternidade,
Gritei e gemi, com tamanha bestialidade,
Que como louco fui julgado,
E condenado a vagar sozinho, tendo como única companheira,
A dolorosa saudade do teu rosto pálido agora tão distante...
A dor é tão imensa neste instante,
Que com força sem medida quebro o grosso vidro do teu leito de infinito repouso,
E danço contigo uma ensandecida valsa celebrando nossas bodas,
Eu, o teu eterno escravo apaixonado, e tú, a morta dama dona do meu ser...
Meu corpo quente, junto ao teu que está tão frio,
Excita-me tanto, que com total desvario,
Rasgo-te o fino vestido de seda farfalhante,
E tomo-te como consorte e como amante!
Como é dura a carne pela morte carcomida,
E quão duros são teus lábios, que há muito perderam a rosácea cor,
Enterro-te, quinze, vinte vezes minha espada intumescida,
E afogo tuas ancas com meu sêmen em quantidade descomunal...
E vivo ao teu lado, parcos dias de alegria ensandecida,
Até ser descoberto, e julgado como profano despudorado,
E terminar meus atormentados dias aqui,
Neste mausoléu de seres vivos e abandonados,
Urrando teu nome, sentindo o gosto do teu sexo pelo meu explorado,
Teu incansável servo, escravo deste louco amor,
Que nunca em vida por ti foi sequer imaginado,
Mas em morte, pelo meu ávido desejo, foi sumariamente consumado.

FST – 27/03/07 – 21:00h

Mente Psicótica

Somente a morte, a violência e a tortura,
Conseguem saciar meu desejo e me dar prazer,
Que delícia é poder ver mais um corpo inerte jogado ao chão,
Com tantas marcas, tantas mordidas e enormes hematomas,
E beber o sangue que corre aos borbotões
Do sexo decepado que ainda pulsa em minhas mãos...
Tal é o êxtase que o assassinato me proporciona,
Que não consigo frear a procura desvairada,
Por uma nova vítima, mais uma alma a ser levada,
Ao encontro do obscuro, do frio e do nada...
Caminho devagar entre os pedaços de carne amontoados,
E já são tantos, em variados estados de decomposição.
Aprecio os vermes que rastejam lentamente por entre eles,
E sinto orgulho doente em poder guardar comigo tantos troféus,
O cheiro acre da morte que invade minhas narinas é gratificante,
Sou louco, demente, assassino frio e sanguinário,
Amante destes corpos putrefatos que são ao mesmo tempo combustível e alimento,
Para saciar plenamente meu corpo e minha mente psicótica...

FST – 12/04/07 – 21:42h

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Escrava Sexual

Chore, peça, implore...
Bata-me e grite para parar!
Meu êxtase é maior quando tu negas
E eu tenho que forçar a porta
Do teu doce sexo apodrecido...
Como é bom saciar-me em tuas nádegas,
Sentir o cheiro acre e quente que sai do teu corpo
Quando rasgo-o sem piedade...
Caída, agora estás,
À espera do meu ato final:
Gozo, e jorro em teu corpo todo ensangüentado,
Escuto teus graves gemidos calado,
Para então jogar-te no teu cárcere úmido
Até meu desejo tomar-me novamente,
E eu possuir teu pútrido corpo coberto de chagas
Com cada vez mais deleite e prazer...

FST

Amor Incestuoso

Irmão!
Como é delicioso provar teu gosto proibido,
O doce aroma do teu suor envolvente...
Poder brincar em ti, com língua suculenta,
E sugar com forme, desejo e paixão,
Cada salgada gota do magistral líquido seminal do prazer!

Irmão!
Exalas o sexo, a luxúria e o gozo profundo,
Por todos os poros de tua pele macia...
Encontro-me a pensar que há tantos anos vivemos juntos
Esta deliciosa descoberta do sexo clandestinamente,
Sem que jamais o deleite por este prazer absoluto venha a cessar...

Irmão!
Será que um dia, talvez,
Poderemos livremente amar-nos sem temer,
Será que poderei no teu colo pedir carinho,
Ter teu amor de irmão, de amante e de marido,
Sem que o choque e a perplexidade da imunda sociedade
Possa findar a nossa secreta história de amor incestuoso?

FST

Leproso

Leproso! Sim, é o que sou,
Esquecido dentro desta cela imunda
Acompanhado somente de meus dejetos,
Do ódio imorredouro, da revolta angustiante,
E dos pedaços decadentes de minha pútrida carne...
Eu, que um dia tive uma pátria,
Uma digna vida, família, amigos e respeito,
Hoje sofro, com grande dor e despeito,
Pela indiferença recebida, daqueles que outrora afirmaram me amar...
Louco, é o que hoje sou!
Um louco monstro deformado,
Alimentando-me dos vermes e dos ratos,
Bebendo a urina fétida em cálice quebrado...
Vejo com horror no pequeno pedaço de metal polido,
Dia após dia, a vil doença pouco a pouco me consumir...
Como és dura, oh Fortuna, deusa inclemente do tempo que não cessa,
Como é doloroso sentir as moscas pousarem em minhas purulentas feridas,
E inalar o acre aroma da morte que lentamente se aproxima...

FST

Núpcias Sangrentas

Tu és sombra, que hoje se faz luz,
Decadente senhora, quão bela és,
Frágil e pálida, deitada nesta enorme cama,
Que engole teu pequeno e delgado corpo num abraço fatal.
Chamas incessantemente a Morte,
Clamas por ela, tu, que a vida faz prisioneira,
Enquanto tuas veias cortadas, choram sem parar...
Quão suave é o gosto do rio vermelho,
Que invade a brancura do tecido que te envolves,
Adoro saciar-me nos profundos rasgos,
Que tu mostras, na esperança de findar,
Teus míseros dias, tuas mórbidas noites,
De angústia incessante...
Sim donzela,
Serei eu, aquele que há tanto zela por ti,
Serei eu, escravo da paixão incontida,
Que levarei-te, ó dama do meu ensandecido coração,
Para o gélido abraço de teu noivo há tanto esperado,
Para assim, dançarem a suave valsa de núpcias,
Enquanto noite após noite,
Sacio-me no banquete gélido,
De tuas carnes há tanto apodrecidas.

FST

Fome de Morte

O cruel assassino está à solta,
Novamente voltou às ruas, seu único e verdadeiro lar...
Traz consigo dores e lágrimas ardentes
Daqueles que ainda hoje choram
Suas frágeis mulheres perdidas.
A fome aumentou, devido à sua forçada reclusão.
O homem, que carrega o semblante de gentil cavalheiro,
Mal pode conter a monstruosidade de sua alma,
E, qual mendigo faminto,
Sai à caça de sua nova vítima:
Lá está ela, presa perfeita,
Perdida no calabouço de sua loucura,
Vaga pelas noites frias sem se importar
Com as feras e com as ruas sombrias,
Tão absorta está em seus pesadelos particulares.
Como lobo, ele agarra-a pelos cabelos,
E arrasta-a para o fim da viela
Onde nem mesmo os vermes abjetos
Ousam sozinhos se aproximarem.
Com grande deleite ele a contempla
Comparando a palidez de sua pele
Com o claro e luminoso luar,
E assim começa a dança macabra
Do ritual para ele sagrado, da mutilação:
Corta os seios; extrai os mamilos;
Sem importar-se com os gritos e gemidos,
Abre-lhe o ventre e retira o útero enrubescido,
E como um doce cacho de rubras uvas,
Põe-se a degustar o sangue com êxtase sexual...
Após deliciar-se com o suco daquele fruto aquecido,
O banquete propriamente dito
Enche seus lábios de amarga saliva,
E da certeza de que somente estará saciado
Quando provar-lhe a tenra carne, pedaço a pedaço.
É o que ele faz: Come as ancas,
Tira-lhe um naco do braço,
O rosáceo joelho torna-se iguaria em seus lábios,
Os olhos, a boca, e o sexo ainda amolecido,
São saboreados como nunca dantes tenha-se sabido...
Após horas de puro deleite,
O homem separa pequenos pedaços da carne tão adorada,
Para em casa lembrar-se da doce e suculenta criatura;
E, farto pelo êxtase proporcionado,
Por tal carnificina, ele se vai,
Sujo de sangue, e totalmente purificado,
Até que novamente recaia sobre si
A fome de morte que lhe é insaciável.

FST

Amor Necrófilo

Posso dizer que realmente a amei,
No momento em que senti jorrar
Seu doce sangue pelos vários
Cortes que fiz em sua imaculada carne...
Tão grande foi este sentimento que,
Tomado pela volúpia da paixão
Depositei seu cadáver ao meu lado
No grandioso leito da devassidão...
E, dia após dia,
Maior tornou-se meu desejo
Ao sentir exalar o acre aroma
Da putrefação em seu estado mais avançado...
Amei-a todas as noites sem querer parar
E senti cada vez mais a vontade de realizar
Ainda um último desejo
Antes de desfazer-me do meu brinquedo humano preferido.
Perfurei sua gélida carne endurecida
E saciei-me em cada um de seus novos orifícios:
- Pescoço, seios, ventre, braços e pernas. –
Foi com deleite que me banqueteei
Com este sexo delicioso.
Após estar completamente satisfeito,
Devorei suas pútridas entranhas cruas...
Agora, somente me resta perambular decadente,
Pelas sombrias esquinas da extensa cidade
À procura de uma substituta à altura
Para saciar este incansável Amor Necrófilo.

FST – 28/02/07

Decrépito Banquete

Estou devorando as entranhas de um feto há muito esquecido,
Neste lugar onde outrora não sabia nem como chegar,
Eu, que antes fui rei, e pisei nos desvalidos,
Agora faço parte da massa dos esquecidos,
E todos os dias pago meu odioso sacrifício diante deste pútrido altar...
À minha volta vejo idosos, vejo crianças,
Mulheres, homens vis matando-se por um mísero pedaço de carne decaída,
O fétido aroma dos dejetos maltrata-me as narinas,
Nesta terra dura onde hoje não somos mais do que filhos
Da peste negra e das guerras, a sobra, após a devastação,
Somos nós, os esquecidos leprosos,
Lazarentos, portadores da mais temível doença,
Farrapos humanos, jogados como carne podre que nos tornamos,
Dentro de porões, como tristes máscaras deformadas,
Pelo horror e pela angústia,
Daqueles que mesmo sem nos ver,
Apenas imaginam... E temem...
Alimentamo-nos das sobras, e de nós mesmos...
Neste decrépito Banquete,
Onde sei que hoje serei... Um dos alimentos preferidos...
“- Devorem o Rei, Devorem o Rei!!!”, gritam meus monstruosos súditos,
E levam-me amarrado, amordaçado, com meus imundos farrapos,
Que já foram ricos ornamentos,
Agora espero, em agoniante silêncio,
Quem será o primeiro a fartar-se
Do meu corpo sujo, e dilacerado,
No altar profanado,
Onde muitos, antes de mim,
Foram oferenda que deixaram os temíveis habitantes
Deste Reino maculado pela doença, ligeiramente saciados.

FST

Orgia com os Mortos

Sinto o cheiro de Morte à minha volta,
Corpos apodrecidos, decrépitos e mutilados,
E só eu sei o quanto isto me fascina...
Caminhar e poder aninhar-me
Junto a estes pedaços de carne sem vida,
Poder saciar-me ante a umidade e a gélida palidez
Dos deliciosos corpos que tenho à minha disposição...
Acaricio o falo endurecido,
Beijo a boca que já não pode me retribuir,
Toco o semblante que fita sem nada enxergar...
Amo-os como um animal sedento,
O prazer me inunda em ardentes tremores,
E, neste abrigo imundo de rejeitados pela mísera e odiosa vida,
Bebo o sangue dos recém-chegados, que ainda têm
Uma pequena lembrança quente da primavera há pouco findada...
Com um cálice transbordante do líquido vermelho,
Brindo à morte, esta minha eterna companheira,
Que muito aprecio, pois ela é quem me fornece sem nada em troca pedir,
Tantos companheiros para que eu possa satisfazer meus prazeres insanos.

FST

Criança Prostituta

Doce e perversa criança,
Tu gostas quando forço a passagem outrora proibida?
Sei bem que teus gritos e gemidos
Ao sentir escorrer o sangue enegrecido
São do mais puro deleite,
Pois mesmo tão pequena e frágil criatura,
Tu já sabes o quanto este infantil templo de prazer,
Pode ser brutalmente profanado...
Já em tão tenra idade,
Sentistes o calor de mais de mil,
Mil homens, mil soldados,
Mil lamúrias e tormentos,
Em mil pedaços teu pútrido sexo foi despedaçado...
Agora vagas pelas sarjetas,
Decrépita prostituta,
Filha das frias calçadas,
Oferece-te sem pudor,
Aos passantes forasteiros,
Para que o alimento recebido como pagamento,
Amenize quem sabe a tua dor...
Divida tuas enfermidades,
Com aqueles de quem tu não lembras nem a face,
Deixe que lentamente os gritos abafados,
Tornem-se suspiros decadentes,
E descanse teu fétido corpo,
Em cima das tumbas de teus genitores,
Os mesmos que entregaram-te como pobre mercadoria que hoje te tornastes.

FST

Prece Sadomasoquista

És tu, ó meu dono e senhor,
Quem me fere com tanto esmero,
Faz-me escrava, e é com tanto zêlo
Que mergulho neste universo de plena dor...

Infinitos são os castigos aplicados,
Vela quente, chicotadas, fortes tapas,
Penetra-me ferro em brasa, e frias chapas,
Bandagens e tudo mais que possa sufocar-me os gritos extasiados...

Ensandecida fico, ao lembrar-me,
Do quanto tu deliras ao meu corpo fustigar,
E, gemendo de saudades, molho os dedos a jorrar,
Implorando tuas ameaças, e teu juramento infame,

De ter-me sempre como tua criatura,
Humilhar-me mais e mais e nunca parar,
Mesmo que outros brinquedos tu voltes a usar,
Terás sempre ao teu dispor minha carne dura...

FST

Leilão de Morte

- Quem dentre vós se prestará a pagar,
Para ter esta doce criança ainda inocente?
- Quem será o primeiro a tecer neste frágil corpo,
A fatal teia da decadência?
- Quem, dentre vós estará disposto a rasgar inteira,
A alva pele que outrora era livre de qualquer mácula?
- Quem? Quantos? Senhor?
Queres dar mais pelo prazer de profaná-la com seus companheiros?
- E tu, sábio ancião,
Serás tu, que mesmo sem conseguir manter a haste tesa,
Quererá lambuzar-se sem pressa,
E após introduzires os mais cortantes objetos
Na cavidade cujo lacre da castidade ainda não foi rompido,
Jogará a tão frágil e doce criança para vossos sedentos animais?
- Esperem! Agora, ouvi, lá ao longe,
Bem no fundo dos aposentos luxuriosos onde
Faço a oferta que tantos querem cobrir...
- Dizes forasteiro? Quanto queres pagar para ter contigo
Essa doce criança, e dares abrigo,
Em troca de sexo, torturas e castigo?
Sim, o dobro do maior lance tu ofereces?
Para poderes saciar tua vontade
De rasgar-lhe a macia pele,
E devorar-lhe a diminuta entranha?
Sim, claro, como tu quiseres,
Paga-me e toma aqui tua recompensa,
Leve-a, ou sacie agora a tua vontade,
Em meio aos demais abutres que aqui estão,
Pois todos, assim como eu,
A cafetina que te entregas o fruto do teu arremate,
Irão contigo devorar cada pedaço
Da doce carne da criança,
Que chora, e pede, e, no entanto, não mais tem esperança...

FST

Poema Anti-Religião

Senhor deus dos mutilados,
É assim que retribuis a quem tanto te implorou?
É isso que dás às pobres famílias,
Hoje vítimas da fome e da miséria?
És mesmo tu, um pai atencioso,
Que deixa teus pobres filhos morrerem doentes,
Renegados, jogados nas ruas, vendendo-se
Por um pedaço de pão?
Queres mesmo, deus ímpio,
Que ajoelhemo-nos e prestemos a ti
Funéreas homenagens,
Agradecendo a todo tipo de desgraça que nos sucede?
Achas mesmo que todos são tolos a ponto de acreditarem
Nas falsas palavras de um inocente louco
Que a si mesmo julgou filho direto e imaculado de teu espírito dito “santo”?
Quantas guerras ainda se farão sob teu nome?
Quantos matarão e morrerão para defender tua fétida honra?
Quantos irão oferecer sua amargurada vida
Em troca de um falso paraíso tão prometido,
E tão pouco real?!
Não! Eu não me renderei a essa mentira,
Os teus falsos profetas podem dar-me o nome que quiserem:
- Blasfema, bruxa, vil, desvirtuada,
Mas com todo orgulho, hei de gritar de volta!
- Basta! Que tendes, vós contra mim, ó seres de almas enfermas,
Não entendem que esta dita “blasfêmia” que dizem tomar conta do meu ser
Não passa da mais total e absoluta Liberdade?

Templo de Profanação

Com quantos terei que me deitar,
Para saciar meu incontrolável desejo
Por este sexo sujo e execrável?
Mais de mil passaram pela minha vida,
E ainda mais de mil hão de passar,
Para tornarem meu sexo ainda mais amargo,
Tanto quanto o fel que adoro deixar escorrer
Por entre o falo ereto de meus amantes,
E chupar, e lamber, com total voracidade...
Sou o abrigo de doenças e luxúrias sem fim...
Quem em meu corpo pede abrigo,
Não imagina o que mais irá receber como castigo
Por tão pérfida criatura desejar:
Das doenças do Mundo, tenho todas as que possas imaginar,
De acre sujeira lambuzo-me diariamente,
Deixo desde o mais vil farrapo humano,
Ao mais rico comerciante,
Deleitar-se em mim, para como um porco,
Na lama do meu vil corpo chafurdar...
Sou toda podre, como fruta ao chão caída,
Devorada por todos os piores vermes...
E, dentre todos os que diariamente me devoram,
Quem sabe tu não podes ser o próximo?

FST

Arte por Sr Carlos Eduardo (mankuzo) e poesia de Srta Fernanda Sadala

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Retrato de uma assassina

“- O que queres tu, rico e nobre forasteiro?
Queres deleitar-se neste doentio corpo que te vendo por inteiro?
Sim, vamos juntos aproveitar,
A terça hora da fria madrugada sem luar...
Vamos! Que eu te levo para um lugar por mim conhecido,
Não é luxuoso, mas ao menos parcamente aconchegante.
Pague-me com teu sujo ouro cintilante,
Que realizo tua sórdida vontade de seres escravo,
E submeto-te aos meus caprichos como imperatriz dominante.”
Amarro-te os finos braços com um largo fio de couro enegrecido,
E tomo entre as mãos com ferocidade desmedida,
O pequeno pedaço de carne que jaz no meio de tuas pernas amolecido.
Surro-te, e vejo correr, admirada,
O vivo sangue que escorre pelas tuas costas fustigadas...
Quando noto que tu estás totalmente entregue e dominado,
Vendo os teus olhos com um lenço perfumado,
E começo o verdadeiro ritual do meu prazer de pecado:
Lentamente passo a afiada adaga, que trago sob meu manto escondida,
Pelo teu pescoço e rasgo a fina carne esticada,
Para tomar o escarlate e quente líquido,
Que jorra intensamente em grandes golfadas...
Sinto tua dor, percebo-te o medo desvairado,
Quando decepo-te a diminuta vara,
Para enterrar em tua boca aberta num esgar,
Cessando assim, teus repetitivos ais junto com teu ar...
Corto teu corpo inteiro, languidamente,
Sentindo o êxtase aumentar gradativamente,
A cada pedaço que vejo no chão de tua carne ainda quente...
Esfrego tuas postas pela minha trêmula carne nua,
E sinto-me neste instante, como pequena parte tua,
Saboreio com vagar, os pêlos almiscarados,
Do teu peito semi-aberto cuidadosamente talhado...
Enrolo-me em teu corpo já sem vida,
E durmo um longo sono de sonhos mil...
Acordo, sentindo o cheiro de carne morta à minha vota,
Que tanto instiga-me a brincar novamente,
Procurando pela calada da noite
Uma nova e suculenta vítima...

FST

Bacanal

Caminho pela noite lentamente
Em meio ao fresco aroma luxuriante
Exalado pelos jardins de águas plácidas
Que rodeiam o templo de Baco
Deus profano da diversão e do vinho sem medida,
É adorado pelos fiéis, que como eu,
Dão-se como cordeiros alegremente imolados,
Nas profanas celebrações ao sexo e às festas sem igual,
Deixando meu olhar percorrer a relva elevada,
Noto o torso nu de um belo jovem arranhado,
E sob o peso de seu corpo, uma frágil donzela,
Cintilante pelo jato de prazer por ele emanado.
Mais à frente, onde uma frondosa árvore faz seu ninho,
Dois senhores ajeitando as vestes em desalinho,
Vejo ainda, um belo casal de mulheres,
A beijar-se e a tocar-se nas fendas úmidas sem pudor...
Tal é o deleite que tenho ao notar o sexo tão languidamente provado
Em suas diversas formas, que mal noto,
O abraço arrebatado que recebo de dois nobres cavalheiros;
Com habilidade sem igual, eles despem-me,
E ajeitam meu corpo para receber as deliciosas rajadas de prazer:
Sinto um dedo introduzido em minha vagina,
Enquanto o outro enterra o sexo em minha boca oferecida,
E assim sou eu também como presente,
Entregue à Baco, o senhor deus supremo...
O entra-e-sai em meu corpo é tão cativante,
Que mal noto que já entraram uma dúzia – talvez mais –
E deixaram como oferenda no meu templo malogrado,
Suas emanações de prazer, seu gozo exacerbado,
Manchando também o vasto tapete de frias folhas
Que serviu como vasto altar,
Para este ritual denso, alucinante e sagrado.


FST

terça-feira, 3 de abril de 2007

Boneca do Prazer

Tomo ainda um ultimo cálice deste vinho barato,
No fédito e decrépito bordéu em ruínas...
Observo, com olhar frio e distante,
As pequenas dançarinas de peles moles e seios flácidos
Que exibem a todos seus corpos vacilantes...
Quanto orgulho exibe ainda a velha cafetina,
Sorri mostrando os dentes apodrecidos e desgastados pelo tempo,
Enquanto homens pobres da cidade
Acompanham o lento requebrar da prostituta oferecida...
“- Que fazes tu aqui, nobre cavalheiro?” –
Indaga o ancião de olhar perdido;
“- Procuro aquela que hoje tirastes das ruas
E pusestes aqui, neste antro de perdição.” - respondo eu, com jeito altivo.
Sem pestanejar ele me traz a linda menina,
De rosto empalidecido, triste boneca de luxo,
Ainda exalando pelo esguio corpo mal coberto,
O cheiro doce da infância não de toda perdida...
Negocio rapidamente o valor a mim estipulado,
E levo embora minha magnífica mercadoria...
Mal chego aos meus aposentos para dela desfrutar:
O arfante peito, os rosáceos mamilos,
A boca amuada que se abre em um esgar;
A intocada fenda, o apertado orifício,
Que violo com crueldade sentindo prazer ao vê-los sangrar...
Assim passam os dias,
De estupro e violência sem fim,
Ofereço-a como sobremesa aos meus ilustres visitantes,
E todos a saboreiam, dela lambuzam-se sem pesar...
A menina grita, chora, mas com o tempo conformada,
Submete-se a todos os cruéis jogos de prazer,
E vive sua curta infância por mim roubada,
Entre suores, salivas, gozos e infâmias sem fim,
Até o dia em que, exausta por tamanha e tão agoniante escravidão,
Morre em meio à orgia, sendo ainda consumida,
Até sua total putrefação.

FST – 22/03/07 – 20:30h

Necroprostíbulo

Aproximem-se caros Senhores!
E conheçam o mais ignóbil Templo do Prazer,
Trago aqui, para saciar vossa débil vontade,
Carne morta e apodrecida,
De criaturas, que nesta mísera vida,
Tiveram as mais diversas idades e ocupações:
Há prostitutas, que para mais de mil foram vendidas,
E crianças puras ainda, que se foram deste mundo intocadas,
Há jovens, homens fartos e uma velha torta,
Tenho padres, tenho freiras e toda sorte de carolas...
Façam suas ofertas, e provem delícias sem igual,
Sintam o cheiro purulento das feridas e dos dejetos,
Vejam os vermes que rastejam pelos leitos
E os corpos pestilentos onde pousam os insetos...
Aproveitem este Necroprostíbulo até se fartarem,
Da abundância por mim oferecida,
Dominem, espanquem e gozem
Sobre este amontoado de carne endurecida,
Deleitem-se senhores clientes! Estejam sempre à vontade!
E voltem sempre que desejarem,
Para saciarem vossa insana e grotesca leviandade

FST

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Doce Perversão

Contemplo os restos do teu corpo por minhas mãos dilacerado,
E lentamente sorrio, do puro e doce prazer proporcionado,
Pela mutilação em teu frágil cadáver mal formado...
Passa pela minha cabeça amortecida
Como um filme, o passo a passo de como acabei com a tua vida:
Primeiro, a raiva que senti pelo teu repugnante olhar de desdém,
A vontade genuína de humilhar-te como tu jamais fora humilhado antes.
A frieza com que executei tua pena,
Qual carrasco que não sente qualquer compaixão por aquele
Que por suas mãos será levado para o outro lado...
A delícia de violar-te, de apagar do teu corpo,
Qualquer resquício que ainda pudesse ainda existir de dignidade,
Escutar tuas injúrias, e com mais vontade ainda espancar-te,
Parando somente ao te ver desmaiar de dor,
E contemplar com cruel felicidade o sangue jorrar pelo orifício violado...
Sentir, neste instante execrável,
O desejo crucial de brincar um pouco mais!
E cortar-te, despedaçar-te, fazer de ti qual porco no abate:
Separar com o facão enferrujado,
A pequena cabeça, e o pênis para ser meticulosamente guardado,
Junto a outros tantos, formando quebra-cabeças que nunca será terminado,
E comer um a um, cada mísero pedaço do teu sujo intestino delgado...
Embrutecer ainda mais uma vez a tua boca semi-aberta,
Antes de desfazer-me de tua cabeça decepada...
Urinar nos restos que ainda ficaram para serem por todos contemplados,
Demarcar este território pelas minhas bestiais mãos deflorado,
E ir embora com a pequena lembrança da tua carne ainda macia...
Mais tarde, quando sentir saudades de tamanha perversidade,
Masturbo-me, e introduzo no meu ânus sedento teu pequeno órgão empalhado,
Lembrando-me ainda mais uma vez de tudo o que ocorreu.
Quando novamente bate o irrefreável desejo de sair à caça de outro garoto,
Para sentir a minha ira, o meu prazer desmedido,
Por este sexo deliciosamente proibido.

FST

sábado, 31 de março de 2007

Luxuriosa Poetisa

Sou eu!
Vil poetisa dos loucos e dos cruéis
Errante, no caminho da vilania,
Aqueço os corpos esquecidos nas noites frias,
E tal qual quimera ensandecida,
Vago por entre os becos e os bordéis.

Amante errante da solidão,
Fustigo minha carne endurecida
Nas tórridas madrugadas de boemia,
Fera no cio, débil e desvalida,
Dando-me a todos, sem exceção.

Por que queres tu, estúpida carola,
Do meu templo bizarro, tomares conta?
Sabes tu, por acaso, quantos fiéis
Vêm diariamente aos meus pálidos pés
Beijar-lhes as feridas, lamber-lhes as solas,
Unir-me as mãos purulentas, e tocar-lhes as pontas?

E tu, velho catedrático?
Tu, que tanto de mim te lambuzastes,
Quando o encontrei, decaído e sorumbático,
E hoje, com falso escrúpulo me acusastes,
De ser liberta, talvez libertina,
Por ser eu escrava unicamente de minha paixão,
Trôpega e volúvel deusa da devassidão?

Queimem-me agora!
Mas não pensem que conseguirão me calar,
Pois cada profeta meu, e amante,
Há de sair pelas ruas, em passo errante,
Afim de meu sórdido ensinamento repassar.
E, daqui por diante, serei mártir, e estátua de basalto em minha homenagem será erguida.
Continuem a queimar-me! Grito eu, amortecida,
E lentamente agonizo, lembrando com regozijo, dos deliciosos pecados de outrora.