Senhor deus dos mutilados,
É assim que retribuis a quem tanto te implorou?
É isso que dás às pobres famílias,
Hoje vítimas da fome e da miséria?
És mesmo tu, um pai atencioso,
Que deixa teus pobres filhos morrerem doentes,
Renegados, jogados nas ruas, vendendo-se
Por um pedaço de pão?
Queres mesmo, deus ímpio,
Que ajoelhemo-nos e prestemos a ti
Funéreas homenagens,
Agradecendo a todo tipo de desgraça que nos sucede?
Achas mesmo que todos são tolos a ponto de acreditarem
Nas falsas palavras de um inocente louco
Que a si mesmo julgou filho direto e imaculado de teu espírito dito “santo”?
Quantas guerras ainda se farão sob teu nome?
Quantos matarão e morrerão para defender tua fétida honra?
Quantos irão oferecer sua amargurada vida
Em troca de um falso paraíso tão prometido,
E tão pouco real?!
Não! Eu não me renderei a essa mentira,
Os teus falsos profetas podem dar-me o nome que quiserem:
- Blasfema, bruxa, vil, desvirtuada,
Mas com todo orgulho, hei de gritar de volta!
- Basta! Que tendes, vós contra mim, ó seres de almas enfermas,
Não entendem que esta dita “blasfêmia” que dizem tomar conta do meu ser
Não passa da mais total e absoluta Liberdade?