“- O que queres tu, rico e nobre forasteiro?
Queres deleitar-se neste doentio corpo que te vendo por inteiro?
Sim, vamos juntos aproveitar,
A terça hora da fria madrugada sem luar...
Vamos! Que eu te levo para um lugar por mim conhecido,
Não é luxuoso, mas ao menos parcamente aconchegante.
Pague-me com teu sujo ouro cintilante,
Que realizo tua sórdida vontade de seres escravo,
E submeto-te aos meus caprichos como imperatriz dominante.”
Amarro-te os finos braços com um largo fio de couro enegrecido,
E tomo entre as mãos com ferocidade desmedida,
O pequeno pedaço de carne que jaz no meio de tuas pernas amolecido.
Surro-te, e vejo correr, admirada,
O vivo sangue que escorre pelas tuas costas fustigadas...
Quando noto que tu estás totalmente entregue e dominado,
Vendo os teus olhos com um lenço perfumado,
E começo o verdadeiro ritual do meu prazer de pecado:
Lentamente passo a afiada adaga, que trago sob meu manto escondida,
Pelo teu pescoço e rasgo a fina carne esticada,
Para tomar o escarlate e quente líquido,
Que jorra intensamente em grandes golfadas...
Sinto tua dor, percebo-te o medo desvairado,
Quando decepo-te a diminuta vara,
Para enterrar em tua boca aberta num esgar,
Cessando assim, teus repetitivos ais junto com teu ar...
Corto teu corpo inteiro, languidamente,
Sentindo o êxtase aumentar gradativamente,
A cada pedaço que vejo no chão de tua carne ainda quente...
Esfrego tuas postas pela minha trêmula carne nua,
E sinto-me neste instante, como pequena parte tua,
Saboreio com vagar, os pêlos almiscarados,
Do teu peito semi-aberto cuidadosamente talhado...
Enrolo-me em teu corpo já sem vida,
E durmo um longo sono de sonhos mil...
Acordo, sentindo o cheiro de carne morta à minha vota,
Que tanto instiga-me a brincar novamente,
Procurando pela calada da noite
Uma nova e suculenta vítima...
FST