sexta-feira, 11 de maio de 2007

Teatro Macabro

Lentamente sobem as empoeiradas cortinas
Do decadente teatro pontualmente à meia noite, conforme anunciado,
Naquela escura sexta-feira sem estrelas
(a Lua Nova vigiava tudo, como negra sentinela):
Tem início então, a audaciosa peça tão aguardada,
Os atores belos e empoados declamam cálidos versos desconexos,
Entorpecendo os presentes pelo absurdo doentio de seu palavreado:
- Clamam à morte, sua mais fiel escudeira,
Por uma ínfima luz no breu de seus pensamentos sanguinolentos...
De repente, apagam-se todas as parcas velas bruxuleantes,
E diante de uma estarrecida platéia,
Desce pelo corredor central em contínuos murmúrios,
Uma fila de homens nuns encapuzados,
Carregando nos braços a alva figura adoecida,
De uma malformada criança que em prantos implorava piedade,
Juntamente com a procissão vagarosa,
Os portões de saída são fechados sem ninguém perceber,
Novamente no palco, os candelabros são aos poucos acesos e, surpresa!
Uma orgia monumental é presenciada em grave silêncio:
A pobre vítima é repetidamente estuprada,
Em todos os seus orifícios, outrora intocados...
O sangue escorre e mancha a trêmula carne,
Misturado ao almiscarado sêmen pelos homens expelido,
E, no final da macabra peça encenada,
Cada qual toma uma pequena adaga nas mãos,
E retalham o molestado corpo para servir de alimento num banquete canibalesco,
Aterrorizados, os presentes tentam em vão sair do recinto,
E quão amarga é a trágica descoberta:
Todos eles também servirão como guarnição e prato principal,
Na terrível festa em que até os animais são trazidos para com todos copular...
Assim, metodicamente cavalheiros e damas,
São prostrados no sujo assoalho e duramente violentados,
Até o último integrante da maléfica trupe ficar totalmente saciado,
Para que o “gran finale” finalmente aconteça:
Cabeças decepadas, vísceras esparramadas pelo chão,
São suaves e delirantes recordações deixadas,
Pelos misteriosos atores da peça assim intitulada:
“A Tragicomédia Canibal do Teatro Macabro

FST